Alemães falam que a primeira palavra que estrangeiros aprendem, quando chegam no país, é “verboten” (proibido). Proibido pisar na grama; proibido para menores; proibido entrada; proibido isso e aquilo… São frases constantes em placas pela cidade.

Além disso, existem as regras sociais cheias de proibições intrínsecas: antes de entrar na casa de alguém, tem que perguntar se é preciso tirar o sapato. Não pode chegar atrasado. Não pode atravessar a rua com o sinal fechado. Não pode andar na ciclovia. Ou, tem que ser assim ou assado.

Você se sente vivendo numa sociedade cheia de proibições e restrições.

Abraçar também não pode. Tem que ter uma certa familiriadade para fazer isso. A distância “social” entre uma pessoa e outra aqui na Alemanha deve ser a de um aperto de mão. Não chegue muito perto. Deve vir daí essa fama de frios.

Contudo, quando estamos aprendendo alemão, percebemos que a língua tem mais exceções que regras. E isso pode ser aplicado, também, na sociedade.

É quase tudo proibido? É. Vai ter gente que vai te olhar de cara feia se você atravessar a rua, mesmo vazia, com o sinal fechado? Vai.

Mas, eu duvido que eles neguem um abraço, caso você ofereça.

Eles estão tão acostumados a pedirem permissão para “invadir” o seu espaço, que acabam sentindo falta de um contato físico mais próximo.

Quantos sorrisos eu já causei por quebrar regras. Eu abraço. E não peço permissão. Para mim, é permitido transmitir calor de um corpo para o outro. Para mim, é permito trazer as exceções da língua para a vida cotidiana. O importante é que me entendam e eu seja aceita.

Até porque, vou passar o resto da vida sendo vista como brasileira por aqui, independente do tempo. Por que, raios, preciso pedir permissão, então, para ser brasileira?

Se não é permitido ser alemão para um estrangeiro, que seja proibido que ele deixe de ser quem ele realmente é. Assim, já conquistei muitos alemães. E eles agradecem dando outro abraço. 🙂